sábado, 1 de setembro de 2012

HISTÓRIA DA ETERNIDADE. Por Jorge Luis Borges (literatura argentina)



“Lemos no Timeu de Platão que o tempo é uma imagem móvel da eternidade; e isso não passa de uma consonância que não demove ninguém da convicção de que a eternidade é uma imagem feita com a substância de tempo. Essa imagem, essa palavra tosca enriquecida pelos desentendimentos humanos, é o que proponho historiar.
Página 11.
“Entre o último instante da consciência e o primeiro clarão de uma vida nova há tempo nenhum – o lapso dura o tempo de um raio, embora para medi-lo bilhões de anos não bastem. Se não há um eu, a infinitude pode equivaler à sucessão”.
Nietzsche citado (apud) por Borges. (página 70)

BORGES, Jorge Luis. História da eternidade. Tradução: Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia Das Letras, 2005.

SINOPSE:
A singular “História da eternidade”, que dá título ao volume, publicada originalmente em 1936, um ano depois da “História universal da infâmia”, como esta desafia o leitor desde o título. Uma antinomia opõe a noção de história, feita de sucessão temporal, movimento e mudança, à ideia estática de uma duração sem fim que o termo “eternidade” evoca. O desejo de escrever uma espécie de “biografia da eternidade” que nos libertaria da opressão do tempo sucessivo sempre atraiu Borges, que jamais abandonou o interesse pelos temas deste livro, mesmo quando, mais tarde, reprova o que então havia escrito sobre eles.  Na verdade, a coletânea marca uma virada na carreira do escritor, que se abre ostensivamente para a universalidade estampada desde o título. São agora motivos da inquirição intelectual do ensaísta as doutrinas do tempo cíclico, as Mil e uma noites e seus tradutores, a metáfora e as velhas imagens da poesia da Islândia. Numa das notas finais, discreta e tímida em meio a preocupações retóricas, desponta uma narrativa disfarçada de resenha crítica: “A aproximação a Almotásim”, em que se dá a ver um de seus primeiros exercícios de prosa de ficção. O ensaio que almeja espraiar-se até o infinito de repente desemboca no conto de uma aproximação sem termo, história de uma busca infindável.

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